CONCURSO PÚBLICO DE IDEIAS PARA A REABILITAÇÃO DA RUA DA SOFIA Coimbra, Portugal - 2003
As vicissitudes que deram origem à rua da Sofia, que estão ainda longe de estar suficientemente inventariadas e compreendidas, não excluem e antes indicam a existência de hesitações, claudicâncias, contradições e contrariedades que perfazem o estado fragmentado, arruinado, invisitável e desconhecido do conjunto. Assim exposta e sem destino, a rua foi até agora o espelho da insensibilidade, desprendimento e casuística com que se tem tratado o problema do património construído e, em último grau, da forma como se continuam a fazer as cidades..Do lado de cá daquelas paredes é fácil de pressentir a atmosfera putrefacta que condiciona e amaldiçoa o desempenho normal de uma rua com amplas capacidades para ser muito mais do que aquilo que é. A arquitectura deixou há muito de sonhar com tabulae rasae e as velhas cidades têm cada mais que se valer daquilo que têm e são. Mais um, menos outro, o tesouro escondido continua lá, preciso é ter olhos para dar por ele. Não temos a certeza se a rua de 500 foi ou não mais um desígnio falhado, mas sabemos que 500 anos depois continua a ter muito boas razões para deixar de o ser.
Para isso não basta sonhar com arquitecturas de papel — é preciso fazer!
Arquitectura Alice Faria, André Mota, Pedro Brígida, Tiago Hespanha, Ricardo Trindade, Vasco Pinto Organizador Departamento de Arquitectura da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra + Coimbra 2003, Capital Nacional da Cultura